A aprendizagem, os meios, métodos e estratégias utilizadas nas nossas Escolas assentam na premissa que não é só importante ensinar ao jovem o “como jogar“ como ensinar-lhe os gestos técnicos da modalidade para depois ele os aplicar em jogo.
Um jogo de futebol, numa definição simples, é uma sucessão no tempo e no espaço de equilíbrios e desequilíbrios momentâneos, onde estes desequilíbrios são fruto duma boa criatividade táctica, alicerçada numa excelente tomada de decisão e de uma forte capacidade de drible e velocidade.
Então porque não começar o ensino do futebol desde as mais tenras idades com base nesta definição?
No futebol o primeiro problema que se coloca ao jovem é de natureza táctica, ou seja, o que fazer? Só depois é que surge o problema de como fazer, isto é, a questão técnica através da selecção da resposta motora mais adequada à sua resolução.
Desta forma, o meio de ensino/aprendizagem mais utilizado é o jogo (dirigido, condicionado, livre). O ensino das técnicas individuais é apresentado sob formas jogadas, embora se admitam formas analíticas, mas apenas para a aquisição das noções básicas da sua execução.
Se centralizarmos o processo ensino/aprendizagem exclusivamente, em demasia, ou mesmo em parte, na técnica individual e muitas vezes baseado em formas analíticas, e muito pouco ou nenhum na aprendizagem do jogo, não provocamos um apuro qualitativo da equipa/turma, isto é, a aprendizagem das acções de uma forma analítica e descontextualizada da realidade do jogo, não possibilita, por si só, a sua aplicação eficaz no contexto das situações de jogo. Por isso as estratégias mais adequadas para ensinar o jogo passam por interessar o praticante, recorrendo a formas jogadas divertidas e motivantes, implicando-o em situações problema que contenham os ingredientes fundamentais do jogo, isto é, presença da bola, oposição, cooperação, escolha e finalização.
Neste sentido os exercícios de treino não se dirigem a um único objectivo, antes pelo contrário, consideram em cada momento que melhorias podem provocar nos domínios técnico, táctico, físico, cognitivo e psicológico numa relação coerente entre estas variáveis (analíticos somente o necessário, globais e integrantes tanto quanto possível).
É este o pilar onde assenta toda a nossa organização de ensino e que leva os nossos meninos, “a par do treino das coisas do corpo”, a tratar bem a bola e do compreender como se joga em todo o campo onde a criatividade e a tomada de decisão são as traves mestras desta metodologia.
Aprender a tratar bem a bola implica que se tenha um bom domínio do próprio corpo e que estar equilibrado, manter a cabeça levantada, mudar de direcção, parar de repente, arrancar de surpresa, saber correr, acelerar ou diminuir a velocidade de corrida, parar, saltar, cabecear, inverter o sentido do deslocamento, saber rematar, passar, receber, apreciar trajectórias, saber olhar e recolher informações, cooperar com os colegas, saber defender e atacar à direita, ao centro e à esquerda, saber decidir e controlar as próprias emoções, são a base de um harmonioso domínio corporal e psíquico e que constituem a base da arte de jogar com agrado de ver.
Paralelamente educamos a disciplina, a coragem, a capacidade de sofrimento, a perseverança, a tenacidade e a imprevisibilidade, alimentando sempre a auto-confiança e a auto-estima, blindando tudo isto com valores como a solidariedade, a humildade, o altruísmo e o respeito por colegas e adversários.
São estas coisas simples do corpo e da mente, as mais valias e alicerces do ensino nas nossas Escolas de Futebol e que fazem dela uma referência e bem-estar para os nossos alunos, proporcionando-lhes uma correcta formação moral, intelectual e desportiva.
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